10 dezembro 2007

Atualização Do Blog

em Terra Tecnologia, 17 outubro 2007

A Unesco e Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, apoiadas pelo Google, vão desenvolver uma biblioteca digital com trabalhos de todas as partes do mundo, informou nesta quarta-feira a Organização Cultural, Científica e Educacional das Nações Unidas.

"A iniciativa da Biblioteca Digital Internacional é digitalizar materiais raros e únicos de bibliotecas e outras instituições ao redor do mundo e torná-los disponíveis de forma gratuita na Internet", informou a Unesco em um comunicado.Manuscritos, mapas, livros, partituras e gravações musicais, filmes, gravuras e fotografias serão incluídos no projeto.

A iniciativa foi lançada pela Biblioteca do Congresso dos EUA em 2005, com o objetivo de digitalizar registros das maiores culturas do mundo.

O projeto vai permitir aos usuários procurar por lugares, épocas, temas e instituições participantes.


O projeto soma-se aos esforços de empresas como o Google, que está digitalizando acervos de diversas bibliotecas do mundo para acesso online.

Junto com o Google, primeiro patrocinador do setor privado, há também outros parceiros, incluindo bibliotecas nacionais no Egito, Rússia e Brasil.
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28 novembro 2007

O Velho Hoje

Por Kleber Godoy

A publicação de hoje envolve o tema dos museus e constitui-se de dois textos tratando de notícias direto da Europa. Espero que seja agradável a leitura destes, já que os selecionei com cuidado para você.


Até que ponto a gratuidade dos museus pode ampliar o seu público?

Por Nathaniel Herzberg, tradução de Jean-Yves de Neufville
15 setembro 2007
Ela havia sido prometida por Nicolas Sarkozy. Ela havia sido anunciada por Christine Albanel, a ministra da cultura. A experiência acaba de ser aprovada. Em 1º de janeiro, um pequeno número de museus nacionais tornarão gratuito o acesso à sua coleção permanente. Os serviços da Rua de Valois (do ministério da cultura) transmitiram para Matignon (sede do primeiro-ministro) uma primeira lista de nove estabelecimentos: em Paris, o Museu das Artes Asiáticas Guimet e o Museu da Idade-Média, situado no Hotel de Cluny; o Museu Nacional de Arqueologia em Saint-Germain-en-Laye (Yvelines, região parisiense); o Museu Nacional do Renascimento no castelo de Ecouen (Val-d'Oise); o palácio Jacques-Coeur, em Bourges; o Museu da Porcelana em Limoges; o Museu Magnin em Dijon; o palácio do Tau em Reims; as coleções contemporâneas do castelo de Oiron (Deux-Sèvres).

A esta lista poderiam acrescentar-se um ou dois outros estabelecimentos que dependem de outras administrações, seja do ministério da defesa ou da educação nacional. Sobretudo, deverá se juntar a este um segundo grupo de museus, que terá a função de testar uma série de medidas mais específicas. Alguns deles estenderão para a população de 18 a 25 anos a gratuidade já oferecida aos menores de 18 anos nos museus nacionais. Outros poderiam oferecer o acesso livre todos os domingos, em vez de limitá-lo ao primeiro domingo de cada mês.

Em todo caso, os sete primeiros estabelecimentos escolhidos receberam a notícia de maneira diversa. Após ter sido informado dela na manhã de quarta-feira, Paul-Hervé Parsy, o administrador do castelo de Oiron, comemorou a novidade. "Nós temos uma freqüência de visitações modesta, de cerca de 20.000 pessoas por ano, e uma coleção muito bonita. Em termos de receitas, portanto, os valores em jogo são reduzidos, mas em termos de imagem, a inovação é muito importante. A escolha me parece ser muito coerente".

A mesma satisfação foi manifestada no Museu de Arqueologia de Saint-Germain-en-Laye. O castelo já conta 70% de visitas gratuitas, sobretudo escolares. "Aos domingos, em contrapartida, nós vemos muitas famílias que fazem passeios no domínio de Saint-Germain desistirem da visita quando descobrem que é preciso pagar (4,5 euros - cerca de R$ 12 - por adulto)", sublinha Patrick Périn, o diretor. "Incentivar essas pessoas a se aproximarem da arqueologia apresentaria um real interesse".

No Museu Guimet, ao contrário, a decisão não foi muito apreciada. Recentemente, o seu presidente, Jean-François Jarrige, havia argumentado junto ao ministério da cultura que ele considerava o seu museu como "pouco representativo" para uma operação desse tipo. "Eu não sou contra esse teste, nem contra a eventual gratuidade dos museus", acrescenta. "Mas, se uma experiência como esta for implementada, é preciso que ela seja conduzida com o máximo de sinceridade. Além disso, nessas condições, teria sido necessário colocar algum museu realmente importante, do tipo do Beaubourg, na balança".

Além de tudo, Jean-François Jarrige diz temer as conseqüências da experiência sobre as receitas de bilheteria (300.000 visitantes), obviamente, mas também sobre a imagem do museu e, portanto, sobre o mecenato que lhe permite organizar as exposições temporárias.

Estes são alguns dos elementos que deverão ser avaliados com uma lupa, ao longo dos seis primeiros meses do ano de 2008, em previsão de uma eventual generalização em 2009. Uma concorrência pública deverá ser aberta nos próximos meses junto a organismos de pesquisas, cuja missão será de medir o impacto dos dispositivos testados. "Ao abranger Paris, a região parisiense e a província, e ao incluir grandes e pequenos museus, nós vamos poder contar com uma amostragem bastante diversificada que nos permitirá observar o comportamento dos públicos", precisa um responsável em Matignon. "A quem beneficia a medida? Em relação a qual museu? Para qual tipo de público?"

Pois é evidentemente esta a pergunta a ser feita. Na Grã-Bretanha, as coleções permanentes foram tornadas gratuitas em 2001. Os museus municipais parisienses suprimiram os ingressos pagos em 2002. Em todos os casos, a medida aumentou o número de visitações, embora com duas ressalvas: "Nós observamos um efeito lua-de-mel no início; depois disso, o número de visitações volta a diminuir", sublinha Anne Gombault, a responsável do departamento de artes, cultura e administração na Escola de Administração de Bordeaux. Se a avaliação for feita em relação a um período de seis meses, será que não corremos o risco de medir apenas este pico? Acima de tudo, os grandes beneficiados pela gratuidade são... os freqüentadores habituais do museu. "As pessoas retornam, e se mostram mais descontraídas", insiste Catherine Hubault, a subdiretora do Patrimônio da Cidade de Paris. "A imagem do museu mudou. Mas não a idade, nem o perfil sociológico dos visitantes".
Diante disso, seria mesmo o caso de incluir na conta dos impostos as visitas repetidas dos aficionados, ou ainda aquelas dos milhões de turistas estrangeiros que pagam sem qualquer problema os 9 euros (cerca de R$ 24) do ingresso no Louvre? No ministério, ninguém sabe responder. Mas, nem o Louvre, nem o Museu d'Orsay, nem o Centro Pompidou foram inscritos entre os que serão submetidos a esta experiência.



Artistas elegem o 'museu ideal' para celebrar Europa

Por Márcia Bizzottoem
16 outubro 2007
Uma escadaria em Florença, pinturas feitas por homens da caverna e quadros de pintores renascentistas estão entre os escolhidos por alguns dos nomes mais respeitados da arte européia para comporem um 'museu imaginário' que celebra a diversidade da arte na Europa.
A escolha foi feita por 27 artistas da União Européia - um de cada nacionalidade do bloco - escolhidos pela organização do evento. A cada um foi pedido "uma obra de arte que considera mais simbólica dentro da história" do continente.
As obras do 'museu imaginário' são apresentadas em um vídeo, um dos principais destaques da Europalia, uma bienal de arte que ainda inclui uma série de eventos de artes plásticas, música, teatro, dança, literatura e cinema e que fica em cartaz em Bruxelas até fevereiro de 2008.
O resultado é uma lista de obras e monumentos que, em alguns casos, não caberiam em um museu, mas "refletem os sentimentos e a experiência pessoal de cada artista", acreditam os organizadores.
RELATOS
O escritor português José Saramago, por exemplo, elegeu a escadaria da Biblioteca Laurentina de Florença, na Itália, projetada por Michelangelo.
"É preciso vê-la para acreditar que a perfeição absoluta existe. Foi a primeira vez que, vendo uma obra de arte, senti que meu corpo estremecia", explica em um relato emocionado.
Para o cineasta espanhol Miquel Barceló, o "grande descobrimento artístico dos últimos séculos" são as pinturas rupestres da caverna de Chauvet, descoberta no sul da França a meados do século passado.
"Esses desenhos saíram da mão de um mestre absoluto. Ele retrata leões que conhecia como nós conhecemos nossas namoradas", afirma o catalão, para quem as pinturas "são de um refinamento que faz pensar em Pisanello e no Renascimento".
As declarações foram compiladas no idioma nativo de cada artista, no vídeo que integra O Grande Ateliê, uma das mostras da Europalia.
A lista do 'museu imaginário' inclui a Arena de Verona, na Itália, escolhida pela soprano búlgara Rayna Kabaivanska, e o complexo monolítico Stonehenge, na Grã-Bretanha, favorito do diretor de filmes de animação estônio Priit Pärn.
Entre os pintores, Caravaggio, Diego Velásquez e Piero della Francesca garantiram um lugar nessa seleção. Os dois primeiros foram eleitos pelo diretor de teatro britânico Declan Donnellan e pelo poeta esloveno Tomas Salamun, respectivamente. Della Francesca foi o único escolhido por dois artistas: o arquiteto italiano Gae Aulenti e o escritor irlandês John Banville.
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06 novembro 2007

O Retrato e o Incentivo da Leitura no Brasil

Por Kleber Godoy

Abaixo, publico duas notícias selecionadas que, para mim, são de grande importância para se caracterizar o quadro de leitores no Brasil e, consequentemente, agir para que cada vez mais pessoas sejam incentivadas, o quanto antes, a se iniciar no fabuloso mundo da literatura. Consequentemente, uma vida mais cheia de colorido, cultura, criticidade, etc.
____________________________________
Por Agência Brasil
em Gazeta Mercantil
3 outubro 2007



Uma nova pesquisa, em elaboração pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), vai traçar o retrato da leitura no Brasil e pretende apontar o número de obras lidas por brasileiros anualmente. O último índice da CBL, divulgado em 2001, registrava a leitura anual de 1,8 livro per capita no país. O resultado da nova pesquisa deverá ser anunciado no início de 2008.


Para o coordenador geral do Livro e Leitura do Ministério da Cultura, Jeferson Assumção, o índice registrado há 6 anos pode ser bem diferente. 'Nós temos a expectativa de que esse número já seja maior', disse o coordenador em entrevista à Agência Brasil.


O coordenador geral do Livro e Leitura do ministério lembrou que, no Rio Grande do Sul, o índice de leitura já aumentou e alcança 5,5 livros por habitante, com pico de 6,5 livros lidos por pessoa no município gaúcho de Passo Fundo e de 6 livros per capita em Porto Alegre.


Os dados são da Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI). Para esses índices, eventos de incentivo à leitura são fundamentais, garante Assumção. A avaliação leva em conta os 53 anos da Feira do Livro no Rio Grande do Sul e os 25 anos de realização das Jornadas de Literatura no estado.


No ano passado o governo federal, com o lançamento do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), estabeleceu a meta de aumentar em 50% o índice de leitura nacional nos três anos seguintes. O plano articulou uma série de programas, projetos e políticas dos Ministérios da Cultura e da Educação, além de iniciativas dos governos estaduais e municipais e da sociedade.
'Mais do que uma campanha, o Plano é uma estratégia de estabelecer uma política de Estado para o livro e a leitura. Uma das ações visa colocar o livro em lugar de destaque no imaginário coletivo', frisou Assumção.


Amanhã (4), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, recebe um exemplar com a versão imprensa do PNLL. A entrega será feita pela escritora e ex-presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL) Nélida Piñon, em Brasília.
____________________________________
Por Agência Brasil
em Gazeta Mercantil
4 outtubro 2007


As ações de estímulo ao hábito de leitura têm crescido em todas as regiões brasileiras. A constatação é da gerente do Prêmio VivaLeitura e representante da Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), Rosália Guedes.


'Como a qualidade dos trabalhos apresentados é boa, a gente pôde contemplar todas as regiões. E aí competindo capitais com cidades do interior. É a diversidade do Brasil', afirmou Rosália.


Este ano, foram selecionados 15 finalistas. Os projetos englobam ações implementadas em todo o país, como a Biblioteca Comunitária, de Tabuleiro do Norte (CE); o Retrato Falado, de Volta Redonda (RJ); e o Barco de Leitura, de Sena Madureira (AC). Não há concentração em uma única região do país.


O Prêmio VivaLeitura faz uma espécie de panorama das iniciativas feitas no país dentro da mobilização nacional pró-leitura. O objetivo é estimular, fomentar e reconhecer as melhores experiências que promovam a leitura.


A edição de 2007 recebeu um total de 2 mil inscrições e prevê anunciar, no dia 30 deste mês, as melhores ações de incentivo à leitura. Os vencedores são classificados em três categorias: bibliotecas públicas, privadas e comunitárias; escolas públicas e privadas; e organizações não-governamentais, pessoas físicas, universidades/faculdades e instituições sociais. Cada uma das iniciativas ganhadoras receberá R$ 25 mil. Esta é a segunda edição do prêmio, elaborado em conjunto pelos Ministérios da Cultura e da Educação e a OEI.
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05 outubro 2007

A Expressão Em Pinceladas

Por Kleber Godoy
A Pintura está entre uma das mais subjetivas expressões artísticas e permeia a humanidade desde sempre. Ela é uma forma de expressar sentimentos, emoções, estados afetivos dos mais diversos, ora conflitantes e ora convergentes. Incluindo sempre a personalidade do artista, assim como a época histórico-cultural em que ele está inserida.

O primeiro texto que é colocado abaixo fala da influência da natureza na obra dos pintores. Influência esta que eu entendo como algo visual que despertou naquele ser um movimento interno, levando-o a expressar para o exterior tal afeto. Dando continuidade, é exposta uma breve biografia de Rembrandt, de quem gosto muito.

Fica em mim um sentimento de que o leitor busque mais sobre pintores, obras, contextos histórico-culturais, assim como se delicie com cada emoção que brotar de seu interior através destes encontros.



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Pinturas clássicas sofreram influência de vulcões
Reuters, Por Karolos Grohmann, em 05/10/07 em www.uol.com.br

ATENAS (Reuters) - Dezenas de obras-primas de pintores dos séculos 16 ao 19 podem ter recebido uma ajuda das erupções vulcânicas que lançaram cinzas na atmosfera, deixando o pôr-do-sol mais espetacular, revelou um estudo grego.

O uso da cor por artistas como J.M.W. Turner, renomado pela maneira evocativa em que pintava a luz, Rembrandt, Rubens, Degas e Gainsborough, e sua ligação com erupções vulcânicas, é incrível, disse o professor de física atmosférica grego Christos Zerefos.

De acordo com Zerefos, a erupção do vulcão indonésio Tambora, em 1815, lançou cinzas que chegaram até a Europa, cobrindo o continente num véu e transformando 1816 num "ano sem verão".

"Turner mostrou isso em suas auroras e seus pores-do-sol", disse o professor à Reuters na quinta-feira.

Outras erupções notáveis que influíram sobre os crepúsculos pintados incluem a do vulcão Krakatoa, na Indonésia, em 1883.

Zerefos disse que usou um índice de véu de poeira, criado pelo climatólogo britânico Hubert Lamb no século 20 para estudar os vulcões e sua relação com o clima.

O índice quantifica o impacto a poeira e dos aerossóis lançados no ar por uma erupção vulcânica específica nos anos que se seguem ao evento.

"A correlação entre o índice de véu de poeira e a razão de cores vermelha e verde em pinturas é incrível", disse Zerefos. "Parece que os aerossóis mostrados pelas pinturas em seus panos de fundo estão mais presentes quando são precedidos por erupções vulcânicas."

A equipe de Zerefos estudou centenas de pinturas até o momento em que dados atmosféricos começaram a ser registrados no século 20, e concluiu que os artistas sem dúvida retrataram as cores reais como as viram na natureza.

"Essa pode ser uma premissa justificada com os impressionistas, mas é o caso até mesmo com os expressionistas. É espantoso", disse ele. "É a primeira vez que procuramos classificar a arte com base em dados ambientais."

Seu próximo estudo será feito com artistas do século 20, para ver como a poluição atmosférica influiu sobre seu uso de cores.

"Exorto todos os artistas que pintam paisagens a me enviarem suas obras em forma digital para que possamos estudá-las", disse Zerefos.

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Rembrandt Harmenszoon van Rijn
Retirado do site
www.brasilescola.com

Pintor flamengo nascido em Leiden, Países Baixos, mestre do claro-escuro e considerado um dos maiores pintores do Ocidente. Entrou para a universidade (1620) que logo abandonou para se dedicar à pintura. Estudou em Leiden com Jacob van Swanenburch e depois, em Amsterdam, com Pieter Lastman. Retornou a Leiden (1627) para trabalhar com Jan Lievens, também discípulo de Lastman.
Influenciado pelas inovações de Caravaggio, adaptou o claro-escuro do mestre italiano. Pintor brilhante,Pintor brilhante, os temas bíblicos, mitológicos e históricos tornaram-se comuns nos seus quadros, muitos pintados sob encomenda. Radicou-se em Amsterdã (1631), onde se tornou um artista próspero, logo cercado por discípulos, casou-se com Saskia, uma mulher também rica, e levou vida luxuosa, morando numa ampla casa no bairro judaico de Amsterdã.
Nessa fase tornou-se o principal representante do barroco protestante do norte da Europa e pintou imensa série de retratos, muitos dos quais de rabinos e outros judeus, e cenas bíblicas. após enviuvar (1642) sua arte sofreu grandes mudanças e essas alterações diminuíram sua popularidade, porém o nível de sua arte não, e iniciou sua fase mais produtiva. Iniciou (1649) um relacionamento amoroso com a jovem Hendrickje Stoffels. iniciando uma etapa marcada pelos numerosos auto-retratos que alçaram o gênero a um de seus pontos culminantes na história da arte. Endividado passou a administração de seus bens (1656) ao seu único filho com Saskia, Titus, e sua nova companheira. Na década seguinte, criou diversas obras-primas, entre as quais o famoso quadro Os síndicos da corporação de tecelões (1662). Um ano após a morte de Titus, morreu em Amsterdã, em 4 de outubro (1669). Embora estivesse então em relativa obscuridade, sua reputação foi recuperada no século XVIII e continuou a crescer até o século XX. Outrs obras marcantes ao longo de sua vida foram A ceia em Emaús (1630), Lição de anatomia do Dr. Nicolaes Tulp (1632), Auto-retrato com Saskia (1634), A ronda noturna (1642), Cristo curando doentes (1645) e O homem com o elmo de ouro (1650).



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17 setembro 2007

A Magia da Leitura

Por Kleber Godoy

O texto abaixo foi publicado recentemente, também, em O Ser Bibliotecário e gostaria de reproduzir com alguns comentários meus ao final. A fonte original pode ser visitada em Ny Times, linkado abaixo.

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Mágica de Potter possui efeito limitado nos hábitos de leitura dos jovens
Por Motoko Rich, do The New York Times, 11/07/07

De todos os poderes mágicos exercidos por Harry Potter, talvez nenhum lançou um feitiço mais forte do que sua suposta habilidade em transformar os hábitos de leitura dos jovens e crianças. No que se tornou quase uma mitologia sobre a popular série escrita por J.K. rowling, muitos pais, professores, bibliotecários e donos de livrarias deram créditos pela inspiração de uma geração de crianças a ler por prazer em um mundo dominado pelas mensagens instantâneas e downloads de músicas.

E foi assim para muitas crianças. Mas ao acompanharem os romances instrinsicamente organizados, a verdade sobre Harry Potter e leitura não é uma história de sucesso tão simples assim. De fato, enquanto a série se aproxima de seu final, estatísticas federais mostram que a porcentagem de jovens que lêem por prazer continua a cair significativamente ao passo que ficam mais velhas, na mesma exata taxa anterior ao lançamento de Harry Potter.

Não há dúvidas de que os livros se tornaram uma sensação editorial. Nos 10 anos desde o primeiro livro, "Harry Potter e a Pedra Filosofal" ser publicado, a série vendeu 325 milhões de cópias pelo mundo, com 121,5 milhões somente nos Estados Unidos. Antes de Harry Potter, era virtualmente impossível encontrar crianças fazendo fila por causa de um livro. Crianças que anteriormente só haviam lido capítulos curtos de livros devoravam mais de 700 páginas em questão de dias. A Scholastic, editora americana do livro, planeja uma impressão recorde de 12 milhões de cópias para "Harry Potter e as Relíquias da Morte", o ansiosamente aguardado sétimo e final capítulo da saga, pronto para sair na meia-noite do dia 21 de julho.

Mas alguns pesquisadores e educadores dizem que a série, no final das contas, não tentou permanentemente as crianças a deixarem de lado seus Game Boys e lerem um livro em seu lugar. Algumas crianças ficaram amedrontadas pelo crescente tamanho dos livros ("A Pedra Filosofal" tinha 309 páginas; "Relíquias da Morte" contará com 784).

Outros dizem que Harry Potter não possui tanta repercussão como títulos que refletem mais realisticamente suas vidas diárias.

"Acho que a mania Harry Potter foi algo bastante positivo para as crianças", disse Dana Gioia, presidente da Fundação Nacional das Artes, que revisou estatísticas de fontes federais e particulares que mostram consistentemente que crianças lêem menos ao passo que envelhecem. "Levou milhões de crianças a ler uma longa e razoavelmente complexa série de livros. O problema é que um livro de Harry Potter ao ano não é suficiente para reverter o declínio na leitura".

__________________
Acredito que se a literatura quer atrair a atenção de crianças e adolescentes e que estas comecem desde já a ingressar neste mundo mágico, deve ser desta forma, cheia de magia. O que pode acontecer é um desinteresse pela leitura quando esta magia fica um pouco perdida, quando a literatura não causa prazer. Isso pode ocorrer com o modo de se impor as leituras no sistema educacional atual e sobre estas questões, pode-se pensar um pouco. Mas eu não quero inferir nada a respeito.

No entanto, o mais importante é que toda obra traga ensinamentos, reflexão...

Particularmente, na obra de Harry Potter, fico satisfeito em saber que milhões de crianças de hoje estiveram lendo sobre amor, amizade, coragem e afeto por tantos anos. Temas complexos, sim!! Se isto puder contribuir para uma geração melhorada de homens com estes conceitos introjetados, o mundo agradecerá imensamente a J. K. Rowling.
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13 setembro 2007

Boas Notícias...

Por Kleber Godoy

A notícia abaixo trata de um assunto importantíssimo: o investimento do governo em livros!! Sente-se e fique a vontade para ler. Aproveite o ensejo e busque, por si mesmo, mais notícias sobre programas que o governo faz para estimular a leitura, cultura e arte em nosso país.

Aproveite também para saber quais os responsáveis por tais projetos e valorize-os em seu voto. No site de onde foi retirado o artigo, cujo link está abaixo, há muito de interessante para ler.

Acredito que, o contrário, desvalorização de políticos que estão na mídia ligados a fatos ruins, deva acontecer por nossa parte, exigindo assim, um esforço de memória histórico-político.

A parte disso e junto a tudo isso é sempre bom manter e cultivar... boas notícias!!

________________
MEC investirá R$ 20 milhões em livros para universidades
Em
Abrelivros, 28/06/07

O Ministério da Educação vai investir R$ 20 milhões em 2006 e 2007, para tentar atualizar as bibliotecas das universidades federais. Nos próximos dias, começa um censo com os professores das instituições para mapear as deficiências das bibliotecas.
De acordo com o ministro da Educação, Fernando Haddad, a falta de livros no acervo das instituições é uma das maiores reclamações dos estudantes que fizeram o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), o novo Provão. Especialmente daqueles que estão no último ano do curso. No censo, que será feito pela internet, cada professor das federais irá dizer quais livros usa nas suas aulas, quais existem na biblioteca e se o acervo é satisfatório ou não. Serão consultados cerca de 50 mil professores das federais.
A partir da lista dos livros mais usados, o MEC deverá fazer a compra para renovar o acervo. A prioridade será dada para os livros mais citados em cada disciplina. "Temos a percepção de que esses R$ 20 milhões representarão um enorme avanço na modernização das bibliotecas das federais", disse Haddad.

O ministério também decidiu tornar público parte do portal de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal do Ensino Superior (Capes). O portal é um site em que instituições de ensino superior cadastradas têm acesso a mais de 9 mil periódicos científicos. Hoje, 163 instituições são cadastradas.

"Iniciaremos esse portal livre a que qualquer cidadão terá acesso. Será um acervo importante, tornado disponível através de um acerto entre a Capes e as editoras", disse Haddad.O ministério também pretende incrementar o portal Domínio Público, em que estão disponíveis livros literários e científicos de graça, para qualquer pessoa que quiser baixá-los da internet. Este ano, o número de livros deve alcançar 10 mil, segundo Haddad.
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10 setembro 2007

Jovem Mundo Moderno e Modernizado...

Por Kleber Godoy

Hoje trago uma lista de itens que recebi por e-mail, identificando as vivências que nos fazem perceber que realmente estamos em 2007. Não tenho o nome do autor, mas com certeza alguém muito criativo e observador da realidade a que nos submetemos diariamente. Se alguém souber de quem se trata, pode postar nos “comentários”, por favor. Vamos dar o mérito.

Após ler, reflita sobre os itens: modernização, evolução, previsibilidade do ser humano na sociedade moderna e... o espaço artístico, cultural e criativo com seus valores e méritos. Acho interessante pensar sobre essas questões.


_______________
“VOCÊ SABE QUE ESTÁ VIVENDO EM 2007 QUANDO...

1. Você acidentalmente tecla sua senha no microondas.

2. Há anos não joga paciência com cartas de papel.

3. Você tem uma lista de 10 números de telefone para falar com sua família de 3 pessoas.

4. Você envia e-mail ou msn para conversar com a pessoa que trabalha na mesa ao lado da sua.

5. A razão porque você não fala há muito tempo com alguns de sua família é desconhecer seus endereços eletrônicos.

6. Você usa o celular na garagem de casa para pedir a alguém que o ajude a desembarcar as compras.

7. Todo comercial de TV tem um site indicado na parte inferior da tela.

8. Esquecendo seu celular em casa, coisa que você não tinha há 20 anos, você fica apavorado e volta buscá-lo.

10. Você levanta pela manhã e quase que liga o computador antes de tomar o café.

11. Você conhece o significado de naum, tbm, qdo, xau, msm, dps ...

12. Você não sabe o preço de um envelope comum;

13. Para você ser organizado significa, ter vários bloquinhos uma agenda eletrônica ou coisas do tipo;

14. A maioria das piadas que você conhece, você recebeu por e-mail (e ainda por cima ri sozinho...);

15. Você fala o nome da firma onde trabalha quando atende ao telefone em sua própria casa (ou até mesmo o celular!!);

16. Você digita o "0" para telefonar de sua casa;

17. Você vai ao trabalho quando o dia ainda está clareando com preguiça, volta para casa quando já escureceu de novo;

18. Quando seu computador pára de funcionar, parece que foi seu coração que parou,

19. Você está lendo esta lista e está concordando com a cabeça e sorrindo.

21. Você está concordando tão interessado na leitura que nem reparou que a lista não tem o número 9.

21. Você retornou a lista para verificar se é verdade que falta o número 9 e nem viu que tem dois números 21.

22. E AGORA VOCÊ ESTÁ RINDO CONSIGO MESMO...

23. Você já está pensando para quem você vai enviar esta mensagem .

24. Provavelmente agora você vai clicar no botão "Encaminhar"... é a
vida...fazer o quê... foi o que eu fiz também... Feliz modernidade.”
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07 setembro 2007

Homenagem do Teatro da Vida a Luciano Pavarotti

Por Kleber Godoy e Jonathan Pereira

*A redação abaixo é composta pela reprodução textos postados na BBC BRASIL.COM. Conta um pouco da biografia de Luciano Pavarotti, curiosidades de sua vivência profissional, assim como descreve manifestações de colegas do meio artístico pelo fato de sua morte. Fica registrado, então, o nosso afeto nesse momento em que o mundo perde um ser tão especial. Um ser que marcou sua presença.

"O mundo inteiro está escutando hoje a sua voz em todas as estações de rádio e televisão. E isso vai continuar. E esse é o seu legado. Ele nunca vai parar." Maestro Zubin Mehta
_______

Pavarotti foi um dos maiores tenores de todos os tempos

O cantor italiano iniciou sua carreira em 1961 e popularizou a ópera Um dos maiores cantores de ópera do mundo, o tenor Luciano Pavarotti morreu na madrugada desta quinta-feira, aos 71 anos, vítima de câncer no pâncreas. Nascido em 12 de outubro de 1935 em Modena, no norte da Itália, Pavarotti era filho único de um padeiro.

Quando menino, parecia mais interessado em futebol do que em música, e seu primeiro contato com a fama foi como jogador do time do Modena.

Pavarotti começou a cantar em um coral da cidade, ao lado do pai, que era tenor amador e amante de ópera.

Depois que o coral no qual cantava ficou em primeiro lugar em um concurso internacional, ele decidiu seguir a carreira de cantor.

Pavarotti estreou profissionalmente em 29 de abril de 1961 no papel de Rodolfo na ópera La Bohème, de Puccini, em Reggio Emilia.

Depois de fazer sucesso na Itália, apresentou-se em Amsterdã, Viena, Zurique e Londres.

Em 1965, Pavarotti estreou nos Estados Unidos em uma montagem da ópera Lucia de Lammermoor, de Donizetti, em Miami, ao lado de Joan Sutherland, que se tornaria uma das grandes parceiras de sua carreira.

Em 1972, ele fez uma apresentação histórica no Metropolitan Opera, de Nova York. O tenor atingiu nove vezes uma nota dó aguda, provocando aplausos emocionados do público.

Três Tenores

Seus discos de ópera e de músicas italianas tornaram-se campeões de venda.

Pavarotti ficou ainda mais famoso após se apresentar no concerto dos Três Tenores durante a Copa do Mundo de 1990, na Itália. A parceira com José Carreras e Plácido Domingo foi transmitida para todo o mundo.

Ao lado de José Carreras e Plácido Domingo, Pavarotti participou do concerto dos Três Tenores

O disco gravado nesta apresentação tornou-se um dos mais bem-sucedidos da história da música clássica.

Pavarotti passou a se apresentar em megaespetáculos ao ar livre.

Em 1992, apresentou-se diante de milhares de espectadores – inclusive o príncipe Charles e sua então esposa, Diana, – no Hyde Park de Londres.

Em junho de 1993, cantou para mais de 500 mil pessoas no Central Park, em Nova York. Meses depois, um concerto de Pavarotti reuniu 300 mil espectadores na Torre Eiffel, em Paris.

Os grandes concertos de Pavarotti geraram polêmica no mundo da música clássica. Alguns criticavam a grandiosidade dos espetáculos, enquanto outros defendiam a popularização do estilo musical.

Pavarotti também foi criticado por cantar ao lado de músicos pop, como Sting, Bono e Bryan Adams.

Em março de 2004, Pavarotti fez sua última apresentação em uma ópera, em Nova York. Ele cantou Tosca, de Puccini, e recebeu aplausos de 11 minutos de duração.

Em 2006, ele chegou a anunciar um tour de despedida que passaria por 40 cidades, mas teve de interromper os concertos por problemas na coluna, laringite e infecção na garganta.

Em julho de 2007, anunciou que não cantaria mais até o fim do ano.

Tenores lideram homenagens a Pavarotti

Os tenores Plácido Domingo e José Carreras e outros artistas fizeram homenagens ao cantor de ópera italiano.

"Eu sempre admirei a glória divina da sua voz", disse Domingo, que cantou ao lado de Pavarotti nos concertos dos Três Tenores, há mais de dez anos.

José Carreras, o outro dos Três Tenores, disse que Pavarotti foi "um dos mais importantes tenores de todos os tempos".

O corpo de Pavarotti está sendo velado na catedral de Modena. Ele será sepultado no sábado à tarde.

Jogador de Pôquer

Domingo lembrou "aquele inconfundível timbre especial da mais grave à mais aguda nota do tenor".

"Eu também adorava o seu maravilhoso senso de humor", disse.

"Em muitas ocasiões dos nossos concertos dos Três Tenores, nós tínhamos dificuldade em lembrar que estávamos fazendo um show diante de uma platéia que pagou, porque nós nos divertíamos demais."

O espanhol Carreras disse: "Nós temos que lembrar dele como o grande artista que foi, o homem com uma personalidade carismática maravilhosa – um amigo muito bom e um ótimo jogador de pôquer".

Silêncio

No teatro La Scala, de Milão, onde Pavarotti se apresentou 140 vezes, houve um minuto de silêncio em homenagem ao cantor na quinta-feira.

Joan Sutherland, que cantou ao lado de Pavarotti desde o começo da carreira dele, nos anos 1960, disse que foi "uma grande alegria" trabalhar com ele.

"Era incrível ficar ao lado dele e cantar junto", disse ela ao programa de rádio Today da BBC.

"A qualidade do som era tão diferente. Você sabia exatamente que era Luciano que estava cantando."

O maestro Zubin Mehta, que dirigiu Pavarotti nos concertos dos Três Tenores em Roma e Los Angeles, disse: "O mundo inteiro está escutando hoje a sua voz em todas as estações de rádio e televisão. E isso vai continuar. E esse é o seu legado. Ele nunca vai parar."

Mundo pop

Pavarotti também tinha muitos amigos no mundo da música pop.

O cantor britânico Elton John disse que "é um dia muito triste para a música, e um dia triste para o mundo".

Sting disse: "Nós perdemos um grande amigo, uma grande voz e o mundo é um lugar menor sem o grande homem."

O cantor do grupo irlandês U2 disse que Pavarotti era "um grande vulcão de homem, que cantava fogo, mas jorrava amor à vida em toda a sua complexidade".

"Eu falei com ele na semana passada", disse Bono. "A voz que era mais alta do que de qualquer banda de rock era um sussurro. Ainda assim ele comunicava o seu amor. Cheio de amor."

O guitarrista do grupo de rock Queen Brian May disse que o mundo é "um lugar mais triste com a perde deste gigante gentil".
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03 setembro 2007

Arte protegida, arte sem fronteiras

Por Kleber Godoy

Uma sensação que por vezes me toma é que no mundo globalizado não há muito espaço para a arte se impor, ser protegida e valorizada como deve. Não sei se é somente uma falsa sensação, engano sórdido de meus sentidos, mas algumas notícias desta semana me deixam um pouco mais tranqüilo quanto a este fato. São informações animadoras no que tange à proteção e proliferação artística que, de certa forma, muda meus pensamentos para a direção que diz: a arte não tem fronteiras, nem do tempo nem do espaço.

A primeira notícia com que me deparei, veio do site da Folha Online, com o título "Arte abstrata na América Latina ganha mostra em Nova York". O artigo fala de uma galeria da Universidade de Nova York que abre uma exposição de nome "A Geometria da esperança: arte abstrata na América Latina" que vai expor 130 obras de setembro a dezembro. Estas obras latino-americanas não são muito conhecidas no continente e estarão sendo representadas. Então me deparo com os nomes dos artistas e eu que estou mais próximo deles, mal os conheço. Seria falta de divulgação artística por nossa porção do continente?

Segundo o autor da matéria, "a exposição registra cidades e períodos chave para o desenvolvimento da arte abstrata na América Latina: São Paulo e Rio de Janeiro nos anos 50 e 60, Montevidéu nos anos 30, Buenos Aires nos anos 40 e Caracas nos anos 60 e 70 e até a Paris dos anos 60."

Ele ainda destaca que "a inclusão de Paris, como cidade "latino-americana", busca destacar a natureza cosmopolita e internacional que a corrente abstrata teve na região". O que eu achei muito interessante.

De qualquer forma, tudo é ligado a dinheiro. E não sei se dinheiro diz muito sobre arte por arte. É que o dado que temos diz respeito e um recorde de vendas no início deste ano por parte destes artistas, por isso da representatividade. Mas de qualquer forma, o simpósio com especialistas, concertos e a conferência sobre os artistas latino-americanos em Paris durante a Guerra Fria mostra que será um evento de arte simplesmente efervescente. Isso é muito animador.

A segunda matéria de que gostei muito de ler foi na parte de Arte e Cultura do Uol, com o título "Suécia investirá 2 milhões de euros para a manutenção das obras de Bergman". O cineasta falecido neste ano terá a manutenção de sua arte e isto custará caro, reconhecendo que a arte deste nobre ser não tem preço. E a homenagem é igualmente comovente, sendo que haverá a criação de um festival internacional de teatro e a realização de cópias digitais dos filmes do cineasta.

Na matéria: "É importante se assegurar que a herança artística de Bergman seja administrada e possa ser uma fonte de inspiração para o mundo do cinema e do teatro do futuro", disse o primeiro-ministro sueco, Fredrik Reinfeldt, e a ministra de Cultura, Lena Adelsohn Liljeroth, em um comunicado publicado nesta segunda-feira pelo jornal "Dagens Nyheter".
Vemos então a arte contemporânea indo além dos seus limites regionais em um ponto do mundo e a memória da arte assegurada em outro. Simplesmente reconfortante para admiradores e criadores.

***
"Uma vida completa pode acabar numa identificação tão absoluta com o não-eu que não haverá mais um eu para morrer". Clarice Lispector
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25 junho 2007

Os cuidados ao se olhar para dados quantitativos

Por Kleber Godoy

Quando se fala em ciência ou em observação, de uma maneira geral, podem-se ter duas expressões diferentes do que se observa: uma forma qualitativa e uma quantitativa. Aliás, no mundo, em tudo que vivemos existem estas duas formas de se olhar para o mundo. Tentarei fazer algumas observações, sem exagerar, explicando o raciocínio que desejo expor. No entanto, o texto não procura ampliar, somente problematizar e iniciar um caminho.

Na Psicologia existem áreas necessariamente descritivas, como a psicologia do desenvolvimento, por exemplo, e sobre esta base podemos qualificar os dados ou quantifica-los, mas há de se ter um cuidado com os segundos, pois a interpretação depende muito do critério utilizado para se chegar a eles, assim como, ao objetivo que se pretende obter com a observação destes dados.

Em sala de aula, o professor aplica provas e uma determinada prova tem conceito máximo “dez”, então o aluno avaliado pode ter nota variando de 0 a 10. Mas será que um 10 vai mostrar que este aluno sabe 100% da matéria? E se ele tem uma nota 5,5, significa que ele sabe exatamente 55% do conteúdo? Não, necessariamente. Talvez uma prova seja eficaz, mas mede muito mais o que está se sabendo no momento da aplicação do que o quanto foi realmente adquirido de conhecimento no repertório daquele indivíduo. Assim, trabalhos teóricos e painéis seriam formas mais amplas de se avaliar, obrigando o aluno a consultar a bibliografia sugerida, buscar mais bibliografia e confeccionar algo maior do que um estudo de um dia para uma prova teórica. Será? Talvez este método também tenha um problema, pois os trabalhos são feitos em grupo e não dá para se saber se todos os alunos do grupo participaram e se alguém não ficou “encostado” só participando com nome e registro acadêmico. São considerações como essas que valem a pena serem propostos ao se falar na interpretação dos dados numéricos.

Para outro exemplo, podemos falar de um exame que avalia o ensino superior, e compara-lo com outros métodos de avaliação, outros exames. Logo, o que explicaria um determinado curso ter nota média no exame do governo federal, nota máxima na avaliação do Guia do Estudante e nota mínima em outra forma de avaliação? O critério utilizado para se medir. Ou seja, não se pode pegar a nota do instrumento onde o curso ficou com nota mínima e dizer que este curso é péssimo. Tem que se olhar para o que se está medindo. Ter um conhecimento mais amplo daquilo que se está vendo.

Indo ainda mais a fundo, pego um dado do ENADE onde as universidades públicas são as que tem maior conceito predominando sobre as particulares. E ai já se fala o seguinte: as universidades públicas são melhores do que as particulares. Será mesmo? Acredito que haja muitas universidades particulares muito boas. O que acontece é que este tipo de avaliação é feito através de uma prova aplicada aos alunos do curso e, podemos pensar, eu disse “pensar”, que alunos de instituições públicas tem maior empenho já que o esforço começou lá no concurso concorrido para entrar naquela instituição, enquanto predomina nas particulares (isto, de modo muito geral, sem querer estigmatizar), alunos cujos pais pagam a mensalidade e não precisam se preocupar com muitas coisas relacionadas ao conceito do curso ou algo do tipo. Portanto, ao fazer uma prova na manhã de domingo, o aluno de uma faculdade pública vai se empenhar em fazer tudo que sabe, enquanto uma parcela significativa das particulares vai querer acabar logo a prova e aproveitar o domingo ensolarado. Não quero dizer que o que explorei acima seja o correto, mas esse tipo de olhar muda tudo na afirmação de que as públicas são melhores que as particulares.

E o Ibope que mede a audiência dos programas de TV? Será que aquele programa de domingo que tem audiência espantosamente alta é o melhor para se assistir no horário? E aquele da TV Cultura que tem audiência mínima é o PIOR? Assim se fala por ai. Mas é assim?

A aprendizagem cultural influencia muita coisa nesse tipo de análise e há de se levar em conta essas informações, estas variáveis, sem tirar conceitos apressados ou inadequados. Isto tudo vale para todo tipo de coisa. Pensem em coisas do dia a dia e irão ver.

Para entrar um pouco mais no âmbito da Psicologia, gostaria de falar um pouco sobre o desenvolvimento, já que acho que um tema interessante e que mostrará muito bem o que desejo expor.

César Coll, doutor em Psicologia e professor catedrático de Psicologia da Educação na Universidade de Barcelona, discute sobre o estereótipo que fala de um decréscimo nas habilidades cognitivas à medida que a idade avança. Fala da importância de testes mais próximos da vida real do individuo, os quais irão mostrar melhor o que se quer testar apoiado em diversos argumentos de um amplo estudo que fez.

Logo, é comprovado que, com o avançar da idade, a inteligência fluida, relacionada aos aspectos biológicos, tem um decréscimo, enquanto a inteligência cristalizada, sendo aquela acumulada no decorrer da vida por aprendizado, tem um aumento. Portanto, há uma menor velocidade cognitiva com o passar do tempo, mas não é um dado que diga tudo sobre o conjunto. E Coll vem dizer da forma como são aplicados os testes, avaliando velocidade cognitiva, tempo de resposta e características, portanto, quantitativas que afirmam um decréscimo cognitivo com a idade. Mas, olhando-se qualitativamente, tendo-se consciência de que os dados quantitativos dizem respeito a um aspecto mais específico, podemos falar que há um acréscimo cognitivo, pois, segundo ele, a pessoa tem mais experiências com a idade e talvez demore mais para responder, mas tem uma resposta, muitas vezes, melhores do que os mais jovens.

Em conjunto com o otimismo de Coll, Gisela Labouvie-Vief, sendo uma teórica pós-piagetiana, fala sobre mudanças da estrutura cognitiva gerando um pensamento adulto pós-formal no início da vida adulta, momento em que é pensada a identidade e escolhas e, onde as exigências da vida adulta forçam duas mudanças significativas na estrutura de pensamento. Assim, começa-se a se pensar no valor prático das situações, uma forma mais pragmática de pensamento, onde se dá mais importância aos assuntos ligados aos papéis que ele está desempenhando, ligados essencialmente à vida prática diária, pois é impossível adotar um pensamento formal total em todas as situações do dia a dia. O segundo aspecto que Labouvie-Vief salienta é o de uma forma diferente de compreensão da vida, havendo um abandono do foco nos fatos e nas metas, entrando em um momento de maior confiança na imaginação e na metáfora, aberto a idéias controversas e incertezas, sendo que a certeza não é possível todo tempo.



São questões que nos levam a sempre levar em conta estes aspectos: o critério que está sendo analisado, a importância e foco dos dados quantitativos e a forma de se interpretar estes dados, levando-se em considerações esquemas externos e influências de variáveis.


AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

Em uma situação de Avaliação Psicológica os dados quantitativos e qualitativos são, antes de tudo, decorrências de um mesmo processo. Etapas de produção que devem ter, cada um o seu local dentro da situação, se completando. “O céu e o mar, a lua e a estrela, o branco e o preto... tudo se completa de algum jeito. A faca e o queio, o certo e o defeito... tudo se completa de algum jeito.” (Música: Ivete Sangalo - Completo)

Logo, os testes psicométricos e toda forma de se quantificar o indivíduo tem sua suprema importância para se ter a Psicologia como Ciência e Profissão. Isto é inegável. E eles têm suas previsões de erro, olhando para as mais diversas características da pessoa avaliada (stress, comportamento, etc.) assim como ambientais. Logo, são sérios e úteis. Mas sozinhos não fazem uma avaliação Psicológica. E lembremos sempre de se olhar o critério utilizado por aquele teste e se este vai avaliar aquilo que se está querendo achar.

Fazendo um paralelo dos testes psicométricos com a teoria do desenvolvimento citada na primeira parte do texto, Cattell, em 1888 publicou o artigo “Testes e Medidas Mentais”, falando sobre a medida do aspecto intelectual usando testes de discriminação sensorial e tempo de reação. Ou seja, nesse tipo de teste, conforme a idade aumenta, menos desempenho o indivíduo terá. Mas, com o decorrer do tempo na história da psicometria, muita coisa evoluiu e hoje os testes levam em conta padronizações e diferenças individuais, assim como uma série de aspectos importantes e cuidadosos para se avaliar adequadamente chegando aos números propostos. Logo, a qualidade dos instrumentos e dos profissionais deve estar assegurada quando se pretende uma avaliação psicológica o mais fidedigna possível.

E como Lya Luft diz: “a quatro mãos escrevemos este roteiro para o palco do meu tempo”, ou seja, utilizando-se de várias etapas, percorre-se um caminho e chega-se a um objetivo, escreve-se o roteiro. Portanto, um processo de avaliação desse tipo, com todo rigor que se deve ter deve assegurar conhecimento psicológico do profissional e sua preparação, assim como ter estabelecido um processo de análise e síntese das informações, interpretando-as qualitativamente. Deve-se levar em conta também o contexto e pessoas analisadas e que tem efeito sobre o indivíduo avaliado. Logo, o uso de instrumentos de observação ou testes auxilia no decorrer desse caminho para se chegar a decisões, diagnósticos, recomendações. Nunca se esquecendo de que há toda uma dimensão ética em jogo e que precisa-se, necessariamente, ter um foco, saber qual tipo de teste utilizar e verificar se o seu construto está de acordo com a situação.

Concluindo, não há problema nenhum em se quantificar dados, quaisquer que sejam, há problema quando se vê somente este aspecto dentro do todo ou do contexto a que se está olhando. Caso contrário, vamos pensar que aquele programa de domingo é ótimo por ter alta audiência, enquanto o outro é péssimo por ter baixos números.

Não sou a areia onde se desenha um par de asas ou grades diante de uma janela. Não sou apenas a pedra que rola nas marés do mundo, em cada praia renascendo outra. Sou a orelha encostada na concha da vida, sou construção e desmoronamento, servo e senhor, e sou mistério. A quatro mãos escrevemos este roteiro para o palco do meu tempo: o meu destino e eu. Nem sempre estamos afinados, nem sempre nos levamos a sério." Lya Luft

BIBLIOGRAFIA PARA IR FUNDO NA TOCA DO COELHO

BEE, Helen. O ciclo vital. Porto Alegre : Artes Medicas, 1997. 656 p.

COLL, César Salvador; PALACIOS, Jesus; MARCHESI, Álvaro. Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia da educação. Tradução de Angélica Melo Alves. Porto Alegre: Artes Medicas, 1995-1996. 3 v.

ANASTASI, A.; URBINA, A. Testagem psicológica. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.

CONSELHO Federal de Psicologia. Resolução 02/2003. Disponível em HTTP:\\ http://www.pol.org.br/ Acessado em 12/03/2007.

NORONHA, A. P. P.; PRIMI, R.; ACHIERI, J. C. Instrumentos de avaliação mais conhecidos: utilizados por psicólogos e estudantes de psicologia. Psicologia Reflexão e Crítica, 18(3). 2005.

***
Agradecimento à Profª Dra. Ana Paula Porto Noronha Fagundes, docente da Graduação e Pós-Graduação da Universidade São Francisco (Itatiba, SP) e pesquisadora na área de Avaliação Psicológica, pelos comentários e revisão do texto, assim como por aceitar com carinho a provocação do seu aluno = ).
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23 março 2007

Cientista da Informação não é um Profissional da Informação

Por Jonathan Pereira

Não é coerente, admissível, sensato, racional, ético, moral, correto, profissional e legal que tal fato, abaixo descrito, possa ser compreendido e aceito de forma natural ou forçada por qualquer profissional, ou então, por qualquer pessoa que detém em seu espírito de vida valores como: a moral, a sinceridade, a honestidade, o profissionalismo e a sensatez.

Ao final de 2006 tive a informação, ainda muito informal, de que todos os registros concedidos pelo Conselho Federal de Biblioteconomia da 8ª Região (CRB-8) aos profissionais da informação, denominados "cientistas da informação", haviam sido cancelados. O motivo declarado pelo CRB-8 para esta ação referente a todos, isso mesmo, todos os cientistas da informação formados a partir de 2004 pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) foi de que: o profissional cientista da informação não era considerado por esse conselho como profissional da informação, e que por isso, não poderia ser representado por tal conselho.

De um lado, o CRB-8 que deveria ser representante de todos os profissionais da informação, dar orientações aos seus representados, agir de forma pró-ativa frente ao mercado de trabalho e assessorando esses profissionais, age de forma arbitraria, irresponsável e ilegal, cancelando todos os registros, provisórios ou definitivos, dos formandos do curso de "Ciência da Informação com habilitação em biblioteconomia" da PUC-Campinas a partir de 2004, e não emitindo novos registros para os egressos do curso.

Como já sabemos, os conselhos profissionais existem no papel de uma forma perfeita, onde o profissional é o principal foco dos conselhos, que lutam e defendem seus interesses perante o mercado de trabalho. No caso do CRB-8, o ponto em comum entre, a definição de um conselho profissional de classe que está no papel, e a prática, é um só: a cobrança da anuidade. Esse ponto por sinal, merece todos nossos aplausos e reverência, pois é feita de forma magistral, havendo uma logística ideal que qualquer multinacional invejaria. Pontualidade no envio dos boletos, informações de como proceder para o pagamento, enfim, algo realmente merecedor de destaque por parte do CRB-8.

Mas infelizmente nossa "alegria" com tamanha eficiência, profissionalismo, rapidez, informações claras e precisas termina por ai. Como se não bastasse à mediocridade do fato mencionado acima, que por si só causa uma vergonha profunda em relação ao conselho que deveria nos proteger, agem de forma arrogante e ilegal com nós, cientistas da informação, retendo documentos profissionais e pessoais dos formandos, além de não explicitarem veridicamente e com clareza o que está acontecendo, o motivo que levou a tomada de decisão de uma forma tão arbitraria e abrupta. Enfim, dizem que para se resolver o problema, basta a PUC-Campinas mudar a nomenclatura do curso para que os problemas sejam resolvidos prontamente.

Porém de forma oficial, nada mudou, nós cientista da informação continuamos sendo representados pelo CR-8 e nossa documentação continua perfeitamente correta para podermos atuar como profissionais da informação em todo o Brasil. Afinal, o CRB-8 em nenhum momento enviou uma carta, um e-mail, fez um telefonema para avisar aos não mais profissionais da informação que tal atitude havia sido tomada, e neste caso, esqueceram de lançar mão da logística "eficiente" existente dentro do CRB-8, afinal, o assunto não é relevante, é um mero detalhe e de problema exclusivo da PUC-Campinas e de seus formandos, não tendo nenhum vinculo direto ou indireto com o CRB-8.

Além de todos os "adjetivos" mencionados acima, ainda não citei a amnésia presente em todo o alto escalão do conselho. Em 2005, o mesmo conselho que hoje diz "não representar um cientista da informação, por esse não ser um profissional da informação" me concedeu o registro provisório, e posteriormente, o registro definitivo, me reconhecendo como um profissional da informação, e rechaçando que eu, cientista da informação, estava em pleno gozo de todos os direitos e deveres de tais profissionais.

De outro lado, está a PUC-Campinas, uma instituição de reconhecimento nacional e internacional, pela sua tradição e qualidade de seus cursos. Em 2001, em uma reformulação feita na faculdade de biblioteconomia, o curso que antes chamará "Biblioteconomia" passou a se chamar "Ciência da Informação com habilitação em Biblioteconomia", passando a ser reconhecido pelo Ministério da Educação com um curso de nível superior. Passados seis anos dessa reformulação, a faculdade e a universidade, depara-se com uma situação nada agradável, ao ver o seu segundo curso mais antigo da casa, com mais de 60 anos de história, fazendo parte direta de uma decisão irresponsável propiciada pelo CRB-8. De certa forma, a PUC-Campinas também foi vítima dessa história, mas como instituição formadora desses profissionais, e um elo direto e fundamental para a resolução do problema, não está dando o devido valor, ou amparo, para aqueles alunos que dedicaram 4 anos de suas vidas, de forma dispendiosa, sacrificante e dedicada, e desta forma, está saindo do banco das testemunhas, passando ao banco dos réus, juntamente com o CRB-8.

E claro, o maior palhaço dessa história, ou se preferirem, os "João Bobo" da vez, que faz parte sem querer e sem saber o porque desse emaranhado de erros, arrogância, irresponsabilidade, incoerência, insensatez, arbitrariedade, desonestidade, ilegalidade e desrespeito somos nós, os cientistas da informação, que lutam pelo reconhecimento e admiração de seu trabalho, e que também lutam para que sua dignidade e seu direto de exercer sua profissão sejam respeitados.
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19 fevereiro 2007

DOR: (fig.) Manifestação de Sentimento

Por Kleber Godoy

Uma senhora está em sua casa, num dia calmo, quem sabe preparando um café, quem sabe lendo um trecho de poesia. O telefone toca e... momentos depois ela está sendo encaminhada para o hospital. Um trote de seqüestro que a faz pensar que o filho está aprisionado por bandidos tira, alguns minutos depois, a vida dessa mulher que lia poesia ou preparava o café... estava inocente no contexto. E dias antes, em outro local, uma família é assaltada quando está no carro, em programas normais de uma noite qualquer... um menino é arrastado pelo carro em que marginais fugiam. Morte trágica e inevitável. Famílias destruídas. Casos que acontecem no dia a dia, até mesmo rotineiros, mas não deviam ser. Detenhamo-nos mais no segundo caso, que mais me chocou (e desculpe-me o uso de primeira pessoa nessa frase).

É certo que não é bom falar em coisas negativas, devendo sempre atrair a boa sorte e afastando a má. Mas há momentos em que um distanciamento de tais fatos se torna impossível e pode gerar descaso. Mesmo porque todos são interligados uns com os outros. Tudo tem porquês e desse ponto é que os caminhos seguem rumo a cumprir uma missão.

Uma atrocidade. E dizendo isso, precisa-se ir até o dicionário para se saber a dimensão que toma a fala. Encontro a seguinte definição: “Atrocidade: s.f. Qualidade do que é atroz: barbaridade, crueldade.” E realmente foi isso, essa é a dimensão adequada. Mas há outro caminho, pode-se ir ainda mais longe. E pesquisando, encontra-se: “Atroz: adj. 2 gen. Que não tem piedade; desumano; cruel; pungente; monstruoso; feroz.”

Os acusados estão presos e a discussão sobre o tempo de permanência na prisão, assim como a idade penal, é elevada à primeira instância na sociedade e nos palcos políticos do país. Consternação. Manifestação popular. Orações. É preciso tomar atitudes, acionar tudo quanto for possível e resolver o “problema”. O problema qual é? A qualidade da pena que vinga o ato criminoso ou a tomada de decisão que reformula novas bases para uma sociedade mais segura e igualitária? Talvez os dois. Mas o segundo assegura, ou tenta assegurar, o futuro.

Os meninos presos, segundo as definições do dicionário seriam pessoas atrozes, pois cometeram um ato atroz, uma atrocidade. Seriam, ainda na definição padrão, cruéis, bárbaros, sem piedade, desumanos... monstruosos. Quantos adjetivos! E é difícil fazer defesa diante de tanto efeito, pois é tudo verdade. Mas precisa-se pensar na fonte do problema e, por esse caminho, esses rapazes, além de criminosos, também se tornam vítimas.

Não! Não se pode defender o ato criminoso que ocorreu. Não é isso que o parágrafo apresenta. Mas apresenta sim um pensamento de amplas possibilidades para se pensar nas tomadas de decisão para que se evitem novos acontecimentos desastrosos. E seria atroz da parte do texto defendê-los, pensando em tudo que ocorreu, no ato em si e na angústia familiar de João Hélio. Contudo, pensando na condição de vítimas desses criminosos, expliquemos o raciocínio, torcendo para que não haja repulsa, mas entendimento do mesmo.

Os componentes de uma sociedade têm responsabilidade uns pelos outros. Não somente os governos, mas cada um em si e as instituições (familiar, escolar, etc.) como órgãos independentes e, ao mesmo tempo, interligados. Cria-se o crime dentro do meio pela falta de valorização e união que há em tempos presentes. Pela falta de aprendizado e um exemplo bom. Efeitos de um suposto desenvolvimento humano. Levando, talvez, à discriminação, marginalização dos jovens e descaso de uns com os outros.

Portanto, pensemos que esses meninos têm uma história enquanto seres humanos e históricos. Pensemos ainda que tenham uma moradia, local de residência, bairro, dentro de uma cidade, dentro de uma perspectiva de que são seres geográficos. Possuem ainda uma forma de se envolver com o mundo, uma forma de pensar sobre as coisas e interagir com seus hábitos e modos peculiares da vida de seu meio mais íntimo e se tornam seres culturais que se manifestam dentro de uma sociedade. Assim, podemos dizer que suas histórias não tenham sido as melhores, que tenham passado por dificuldades várias e ainda morando em ambientes familiares e sociais sem perspectivas e sentimentos positivos. E ainda sem uma forma de se expressar que os valorizasse. Portadores de angústias iminentes e insatisfatórias. Sem uma boa educação ou oportunidades para que esta acontecesse. São oportunidades que não lhes foram acessíveis. E o modo de fuga foi a criminalidade. Não houve um desenvolvimento emocional e cognitivo que os ensinasse a como se carregar valores e moral. Assim, não se emocionam com o fato, nem pensaram para fazer, pois não há um raciocínio que os favoreça para isso. E, sendo diferente, poderiam ter condições sociais, pessoais, psicológicas e morais para que se tornassem pessoas diferentes, com atos construtivos e sentimentos benignos.

E hoje são pessoas que merecem um desprezo. Talvez pena. E mais ainda: punição!! E pode-se perguntar: hoje, depois da cena em que o garoto foi arrastado por tantos quilômetros, morto brutalmente por ato deles... Será que pensam sobre isso? Sentem arrependimento? Queriam voltar no tempo e eliminar essa cena da história? Não sabemos. E pouco adiantará no momento. A pergunta só é presente por uma manifestação do sentimento que é compartilhado pela população nesse momento.

Entretanto, poderia não ser diferente. E mesmo que as histórias dos indivíduos fossem outras, os mesmos destinos se manifestassem. São apenas especulações para que no futuro se possa impedir tais acontecimentos e sentimentos de angústia. Ou seja, assim como há bandidos nas classes menos favorecidas, há bandidos nas mais altas, dentre as nobres famílias, onde muitos jovens, tendo as melhores oportunidades não desejam e não vão à escola, abolindo uma educação, necessária. E, de outro lado, há pessoas descentes que viveram ali, no mesmo contexto histórico e social que esses meninos. Que, mesmo em piores instituições, aprendem mais do que o básico, mas o necessário e o essencial. São possibilidades e contra-possibilidades, mas que não anulam o pensamento que se expõe aqui. Continuemos...

Leva-se em conta que a história do indivíduo é importante em seu desenvolvimento, pois ele “aprende” através do tempo. É um processo lento e contínuo, que não pára, desde o nascimento até a morte. Sendo todos seres complexos e de uma subjetividade ampla difícil seria dizer o que determinada criança de hoje será no futuro, mesmo analisando alguns aspectos mais importantes. O interior é obscuro... escuro... difícil de penetrar e não seria possível a não ser individualmente. Mas, em defesa do pensamento anterior, há uma possibilidade de minimização do erro. Ou seja, se criar delinqüentes é um erro em um determinado meio, podemos identificar os defeitos que levam à construção de tais indivíduos e, assim, gerar uma massa, que não é nula, mas é menor, de podridão. Trabalhando a minimização, muita coisa muda dentro e fora das pessoas.

Isso leva-nos a pensar sobre culpados? Talvez. E nessa hora se encaixa perfeitamente uma frase de Einstein, que reflete sobre o conceito de ameaça no mundo: “O mundo não está ameaçado pelas pessoas más, e sim por aquelas que permitem a maldade.” E assim, seríamos todos culpados! Claro! Cada um que vive como ser histórico, cultural, psicológico, social, geográfico... detendo em si uma responsabilidade sobre o todo.

Culpa a órgãos públicos, como o governo do estado ou federal pela violência corrente é aumentar o buraco do crime. Mesmo porque, antes de serem organizações de dimensão, são controlados por pessoas. Várias, mas uma a uma. Daí uma abordagem mais individual, reflexão mais centrada.

E se “a tristeza termina onde começa o amor”, pode-se inferir sobre uma falta de maior proximidade entre os membros que compõem um país e o mundo todo. Indo ao dicionário encontra-se, dentre as definições para “proximidade”, a de que é uma “pequena distância”. E sobre “próximo”, acha-se “vizinho”, ou então, “o conjunto de todos os homens”. Bonito. Quase poético. Mas porque é tão bonito, lúdico? Porque é distante de uma realidade onde não se conhece o próprio vizinho de apartamento. E isso compreende o leitor, o escritor desse texto e os ausentes todos. Porém, sem culpar, pois, este texto é antes reflexivo e individualista do que acionista. Antes interno do que externo. É muito válido, apesar de não ser prático, pois tudo que compõe a prática vem de dentro pra fora. E inicia-se, com a penetração de fora para dentro, das palavras aqui fixadas.

Incomodemo-nos. A inquietação é necessária. A mudança... inevitável e urgente.

Por fim, uma consideração necessária, que é um pedido. Um pedido de desculpas por não me apresentar: meu nome é TEXTO. E espero não tê-los deprimido, humanos, em véspera de festas de carnaval, onde tudo isso será esquecido. Silencia-se o recinto. E assim, aqui, as cortinas (no momento, negras) do Teatro da Vida, por ora, então, se fecham.

***

Dedicado à João Hélio Fernandes Vieites, assassinado no dia 7 de fevereiro de 2007, por volta das 21hs, no Rio de Janeiro, quando a família foi vítima de um assalto em seu carro. João tinha apenas 6 anos e foi arrastado por cerca de 7 km, preso ao cinto de segurança, do lado de fora do carro, enquanto os bandidos fugiam. Era filho de Rosa e Hélcio Vieites, deixando também uma irmã, Aline, de 13 anos. Os 5 suspeitos pelo crime estão detidos, dentre eles, um menor de idade.
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