23 março 2007

Cientista da Informação não é um Profissional da Informação

Por Jonathan Pereira

Não é coerente, admissível, sensato, racional, ético, moral, correto, profissional e legal que tal fato, abaixo descrito, possa ser compreendido e aceito de forma natural ou forçada por qualquer profissional, ou então, por qualquer pessoa que detém em seu espírito de vida valores como: a moral, a sinceridade, a honestidade, o profissionalismo e a sensatez.

Ao final de 2006 tive a informação, ainda muito informal, de que todos os registros concedidos pelo Conselho Federal de Biblioteconomia da 8ª Região (CRB-8) aos profissionais da informação, denominados "cientistas da informação", haviam sido cancelados. O motivo declarado pelo CRB-8 para esta ação referente a todos, isso mesmo, todos os cientistas da informação formados a partir de 2004 pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) foi de que: o profissional cientista da informação não era considerado por esse conselho como profissional da informação, e que por isso, não poderia ser representado por tal conselho.

De um lado, o CRB-8 que deveria ser representante de todos os profissionais da informação, dar orientações aos seus representados, agir de forma pró-ativa frente ao mercado de trabalho e assessorando esses profissionais, age de forma arbitraria, irresponsável e ilegal, cancelando todos os registros, provisórios ou definitivos, dos formandos do curso de "Ciência da Informação com habilitação em biblioteconomia" da PUC-Campinas a partir de 2004, e não emitindo novos registros para os egressos do curso.

Como já sabemos, os conselhos profissionais existem no papel de uma forma perfeita, onde o profissional é o principal foco dos conselhos, que lutam e defendem seus interesses perante o mercado de trabalho. No caso do CRB-8, o ponto em comum entre, a definição de um conselho profissional de classe que está no papel, e a prática, é um só: a cobrança da anuidade. Esse ponto por sinal, merece todos nossos aplausos e reverência, pois é feita de forma magistral, havendo uma logística ideal que qualquer multinacional invejaria. Pontualidade no envio dos boletos, informações de como proceder para o pagamento, enfim, algo realmente merecedor de destaque por parte do CRB-8.

Mas infelizmente nossa "alegria" com tamanha eficiência, profissionalismo, rapidez, informações claras e precisas termina por ai. Como se não bastasse à mediocridade do fato mencionado acima, que por si só causa uma vergonha profunda em relação ao conselho que deveria nos proteger, agem de forma arrogante e ilegal com nós, cientistas da informação, retendo documentos profissionais e pessoais dos formandos, além de não explicitarem veridicamente e com clareza o que está acontecendo, o motivo que levou a tomada de decisão de uma forma tão arbitraria e abrupta. Enfim, dizem que para se resolver o problema, basta a PUC-Campinas mudar a nomenclatura do curso para que os problemas sejam resolvidos prontamente.

Porém de forma oficial, nada mudou, nós cientista da informação continuamos sendo representados pelo CR-8 e nossa documentação continua perfeitamente correta para podermos atuar como profissionais da informação em todo o Brasil. Afinal, o CRB-8 em nenhum momento enviou uma carta, um e-mail, fez um telefonema para avisar aos não mais profissionais da informação que tal atitude havia sido tomada, e neste caso, esqueceram de lançar mão da logística "eficiente" existente dentro do CRB-8, afinal, o assunto não é relevante, é um mero detalhe e de problema exclusivo da PUC-Campinas e de seus formandos, não tendo nenhum vinculo direto ou indireto com o CRB-8.

Além de todos os "adjetivos" mencionados acima, ainda não citei a amnésia presente em todo o alto escalão do conselho. Em 2005, o mesmo conselho que hoje diz "não representar um cientista da informação, por esse não ser um profissional da informação" me concedeu o registro provisório, e posteriormente, o registro definitivo, me reconhecendo como um profissional da informação, e rechaçando que eu, cientista da informação, estava em pleno gozo de todos os direitos e deveres de tais profissionais.

De outro lado, está a PUC-Campinas, uma instituição de reconhecimento nacional e internacional, pela sua tradição e qualidade de seus cursos. Em 2001, em uma reformulação feita na faculdade de biblioteconomia, o curso que antes chamará "Biblioteconomia" passou a se chamar "Ciência da Informação com habilitação em Biblioteconomia", passando a ser reconhecido pelo Ministério da Educação com um curso de nível superior. Passados seis anos dessa reformulação, a faculdade e a universidade, depara-se com uma situação nada agradável, ao ver o seu segundo curso mais antigo da casa, com mais de 60 anos de história, fazendo parte direta de uma decisão irresponsável propiciada pelo CRB-8. De certa forma, a PUC-Campinas também foi vítima dessa história, mas como instituição formadora desses profissionais, e um elo direto e fundamental para a resolução do problema, não está dando o devido valor, ou amparo, para aqueles alunos que dedicaram 4 anos de suas vidas, de forma dispendiosa, sacrificante e dedicada, e desta forma, está saindo do banco das testemunhas, passando ao banco dos réus, juntamente com o CRB-8.

E claro, o maior palhaço dessa história, ou se preferirem, os "João Bobo" da vez, que faz parte sem querer e sem saber o porque desse emaranhado de erros, arrogância, irresponsabilidade, incoerência, insensatez, arbitrariedade, desonestidade, ilegalidade e desrespeito somos nós, os cientistas da informação, que lutam pelo reconhecimento e admiração de seu trabalho, e que também lutam para que sua dignidade e seu direto de exercer sua profissão sejam respeitados.
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